Cineasta Spike Lee espera que STF mantenha sistema de cotas no Brasil

No dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) analisou ações que contestam a constitucionalidade das cotas para negros em universidades, o cineasta Spike Lee, importante defensor da causa racial nos Estados Unidos, disse que espera que o sistema de ações afirmativas seja mantido. Ele esteve no final da tarde com a presidente Dilma Rousseff e mais cedo no próprio STF.

“Então, espero na minha opinião que a Suprema Corte aprove (a manutenção do sistema de cotas raciais). Não sou expert no Brasil, mas falo como cidadão do mundo”, disse Spike Lee.

Ele citou ainda o alto número de afrodescendente no mundo e disse que nos Estados Unidos os sistemas de ação afirmativa levaram negros a posição de destaque nos esportes, negócios e nas artes.

No Brasil, o cineasta deverá entrevistar famosos brasileiros para o documentário Go Brazil GO!. Estão lista o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-jogador Ronaldo Fenômeno, o jogador Neymar, o ator Lázaro Ramos, além dos produtores do documentário, Heitor Dhalia e Tatiana Quintella.

Spike Lee é um cineasta negro que nasceu nos Estados Unidos antes da conquista dos direitos civis. A temática de muitos dos seus filmes gira em torno da questão racial e o preconceito nos EUA. Ele ficou mundialmente conhecido com a obra Faça a Coisa Certa (1989), sobre tensões raciais entre negros e italianos no Brooklyn. O filme foi indicado ao Oscar concorrendo à estatueta de melhor roteiro original e de melhor ator coadjuvante para Danny Aiello. O maior sucesso de bilheteria de Spike Lee foi O Plano Perfeito (2007), com Clive Owen e Jodie Foster. O cineasta também dirigiu as gravações do clipe de “They don´t care about us”, de Micheal Jackson, gravado no morro Santa Marta, no Rio de Janeiro (RJ), e no Pelourinho, em Salvador (BA).

Go Brazil GO!
O documentário que será dirigido pelo cineasta americano deverá mostrar o “novo Brasil” e como o País “emergiu como nova superpotência”, nas palavras do próprio Spike Lee. “É meu trabalho, como documentarista, encontrar histórias sobre o que aconteceu para fazer com que o Brasil seja essa superpotência”, disse.

Até a Copa de 2014, ele deverá lançar o documentário Go Brazil GO!. Até lá, Spike Lee fará várias viagens curtas ao Brasil.

Entenda o julgamento
O STF analisa três ações que contestam a constitucionalidade da reserva de vagas em universidades públicas por meio das cotas raciais e o perfil do estudante apto a receber bolsas do Programa Universidade para Todos (Prouni). O julgamento é o primeiro comandado pelo ministro Ayres Britto, que foi assumiu a presidência da Corte na última semana

A sessão desta quarta-feira foi suspensa suspensa após o voto favorável às cotas raciais da Universidade de Brasília (UnB) pelo relator, ministro Ricardo Lewandowski. A ação contra a UnB foi ajuizada em 2009 pelo Democratas, que questiona a reserva de 20% das vagas na instituição a estudantes negros. Segundo o DEM, essa política fere o princípio constitucional da igualdade nas condições de acesso ao ensino superior. O programa foi instituído em 2004 e desde então atendeu mais de 5 mil alunos.

Outro tema polêmico que deve ser julgado pelos ministros é uma ação ajuizada pelo estudante Giovane Pasqualito Fialho, reprovado no vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para o curso de administração, embora tivesse alcançado pontuação superior à de outros candidatos. Os concorrentes que tiveram nota menor foram admitidos pelo sistema de reserva de vagas para alunos egressos das escolas públicas e negros.

Fonte: DIOGO ALCÂNTARA direto de Brasília para o site TERRA

Terreiros de Praia Grande em Ilha de Maré – Imagens do Campo

Exposição: Terreiros de Praia Grande em Ilha de Maré – Imagens do Campo
Abertura: 27 de abril, às 18h
Período da exposição: 27/04 a 18/05/2012
De segunda a sexta: 9h30 às 16h30
Local: Museu Afro-Brasileiro da UFBA
Largo do Terreiro de Jesus, s/n, Prédio da Faculdade de Medicina da Bahia, Centro Histórico. Salvador-Bahia
Tel.: (71) 3283-5540

:: Laço Afro

 

Coletivo de Entidades Negras (CEN) ajuda homem que morava clandestinamente em aeroporto

Marcos Rezende (coordenador do CEN com Gelson Silva (Foto de Fernando Amorim - Ag. A Tarde)

Há dois meses “morando” clandestinamente no Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães, em Salvador, Gelson Ferreira da Silva, 46 anos, não esperava que uma matéria veiculada no Portal A TARDE Online, na última quinta-feira, 12, fosse lhe render benefícios de forma tão imediata.

A história do montador de móveis que saiu de Campinas, em São Paulo, iludido por uma falsa promessa de emprego na Bahia, sensibilizou diversos integrantes da sociedade civil e de organizações não-governamentais, gerando uma verdadeira corrente de solidariedade.

Logo à tarde, o trabalhador já tinha em mãos uma passagem de avião, para retornar à sua cidade natal, além de um quarto confortável, na casa de um cidadão soteropolitano, onde aguardará o dia da sua viagem, na próxima sexta-feira, 20.

“Eu já tinha perdido as esperanças de que esse dia fosse chegar”, admitiu aliviado o montador de móveis, ao ser encontrado pela equipe de reportagem de A TARDE, acompanhado de pessoas solidárias, na tarde desta sexta-feira, 13.

Ajuda – A passagem de avião, marcada para a próxima sexta-feira, 20, foi cedida pelo Coletivo de Entidades Negras (CEN), entidade não-governamental ligada a Organização Nacional do Movimento Negro. “Embora trabalhemos com políticas sociais de promoção e respeito, também atuamos na base, nos problemas diários enfrentados pela população negra no Brasil. A história deste homem é característica do sofrimento de muitos negros que, por falta de opção de emprego e educação, acabam saindo de suas cidades e sendo explorados e enganados em outras regiões”, disse o coordenador do CEN na Bahia, Marcos Rezende, nesta quinta.

Para que Gelson aguarde a data da viagem de forma confortável, o técnico em informática Augusto Mello, 43 anos, morador do bairro de Nazaré, ofereceu um quarto de sua própria casa, gratuitamente. “Como não assisto televisão, sempre acompanho o noticiário online. Vi a notícia no site do A TARDE, e como moro só, e tenho um quarto vazio em casa, decidi ajudá-lo. Apesar de o Estado não cumprir a sua parte, a minha eu faço com boa vontade”, contou satisfeito, pedindo para não ser fotografado, já que prefere não ser identificado nas ruas por esta ação.

Auxiliando o CEN e Augusto Mello, o grupo de voluntários chamado Servidores do Bem, que oferece ajuda gratuita às pessoas em vulnerabilidade socioeconômica, também ajudaram na compra da passagem e na estadia do montador de móveis, no bairro de Nazaré.

O caso – Gelson Ferreira trabalhava em uma loja de móveis em São Paulo, quando recebeu a proposta do dono do estabelecimento, de prenome Jairo, para trabalhar em um loja com a mesma finalidade, que seria aberta em Salvador.

Deixando esposa e quatro filhos – com idades entre 1 e 11 anos – o montador de móveis ganhou uma passagem aérea para vir a capital baiana. Ao chegar ao Estado foi recebido por um caminhoneiro, que não soube identificar, informando que a loja de móveis não funcionaria por falta de alvará.

Desde então, o trabalhador está no aeroporto de Salvador, onde dorme clandestinamente. Com a ajuda de alguns taxistas, consegue alimentos e dinheiro para revender água no próprio local. “Durmo até as 3h da manhã e, para não ser visto lá dentro, saio e sento neste banco. Há dois meses esta é a minha rotina”, comentou o montador desempregado. Os taxistas da região, que preferiram não ser identificados, confirmaram a história do trabalhador paulista.

Agora, o montador de móveis aguarda ansioso o momento em que poderá rever a mulher e filhos. “Eu sempre tive vontade de conhecer a Bahia. Apesar de todo sofrimento que tive, pode escrever: um dia eu volto, mas em situação muito diferente”, prometeu Gelson.

De acordo com a Superintendente da Infraero em Salvador, José Cassiano Filho, a presença de Gelson foi registrada pela equipe de segurança, mas como o órgão não tem autorização para expulsá-lo ou para ceder-lhe uma passagem, ele estava apenas sendo monitorado. “Eu jamais pediria dinheiro para alguém aqui. Eu não queria que pensassem que eu fosse um marginal, um drogado. No fundo, sabia que encontraria um saída”, desabafou Gelson.

Agora, o trabalhador paulista só quer recomeçar a sua vida e não pretende procurar o patrão que lhe ofereceu uma falsa promessa de emprego. ” Por vergonha, eu não contei nada do que passei à minha família durante as ligações a cobrar que fiz ao nosso vizinho, lá em Campinas. Fui enganado, mas pretendo recomeçar a minha vida”, falou confiante.

Fonte:  Jornal A Tarde

Peça “Namíbia não!” de Lázaro Ramos, no Festival de Teatro em Curitiba

Flávio Bauraqui e Aldri Anunciação, vencedor do Prêmio Braskem de Teatro (Melhor Texto), chegam a Curitiba

Na última quarta-feira (04) a peça Namíbia, Não!, que entra em cartaz no Festival de Teatro de Curitiba, neste fim de semana,  ganhou o 4º Prêmio Brasken de Teatro (veja cobertura do iBahia) na categoria Melhor Texto do ano. O autor baiano Aldri Anunciação também foi indicado como Melhor Ator. A peça, dirigida por Lázaro Ramos, já fez cinco temporadas em Salvador, passou pelo Nordeste e Sudeste, e aporta pela primeira vez no sul do país, no teatro Guairinha, nos dias 07 e 08 de abril.
Aldri Anunciação conta que escreveu o texto de forma curiosa. Metade em uma noite e a outra metade em três meses. “O momento mais difícil para mim, ao atuar, foi desprender-me das verdades do outro personagem. Enquanto autor, eu concordava com tudo, mas no palco tenho que me convencer de que o que escrevi para André não faz parte de mim. Isso é difícil, pois todos os personagens são um pedacinho do autor”, acrescenta.

"Namíbia, não!", peça de Lázaro Ramos (Foto de Sora Maia/ Jornal CORREIO)

O autor e ator Aldri Anunciação esteve presente na coletiva sobre o espetáculo e conversou com os jornalistas sobre o viés cômico que decidiu usar para tratar de racismo. “Eu não quis entrar na estrada do rancor para tratar deste assunto. O racismo já é um peso muito grande na sociedade. A comédia está aí justamente para aliviar o tema e atrair as pessoas com o riso”.

Flávio Bauraqui, intérprete de André, se diz “na expectativa para saber a reação do público sulista”. Bauraqui, que é gaúcho, relatou ter sofrido experiências desagradáveis em sua infância. Namíbia foi uma oportunidade de falar sobre isso de forma artística. Anunciação contatou Bauraqui para mostrar-lhe o texto e convidá-lo a atuar. Flávio demorou mais de um mês para responder – devido a sua imperícia com computadores na época, comentada com muitos risos – mas aceitou: “Há muitos anos não recebia um material cênico tão bom. Nos encontrávamos em círculos de discussão sobre o assunto e nos demos conta que só haviam negros lá. A vontade de discutir esse tema com uma diversidade maior de pessoas com certeza foi um ponto de partida”, conta o ator.
Questionados sobre como foi ter um diretor com bagagem tão densa de ator no comando, os dois elogiaram a performance de Lázaro Ramos: “Lazinho é muito sábio. Sorte do filho dele. Realmente, toda a vivência dele estava ali. Ele tem uma forma muito elegante de questionar sobre o significado das cenas. Certa vez, tentou nos fazer  funcionar relacionando a emoção da cena a uma canção. Quando não encontramos uma, ele nos mandou para fora do teatro para, em três minutos, compor uma música”, relata Bauraqui. Esta canção ainda hoje é usada na peça, cantada à capella.

Namíbia, Não! já recebeu o Prêmio Fapex de Dramaturgia e estará no Rio de Janeiro a partir de 19 de abril. Nesta ocasião também será lançado o texto de Aldri. No espetáculo, quatro cenas foram cortadas por Lázaro, a fim de dar mais ritmo à peça. Ao longo da entrevista os atores preocuparam-se em não entregar tanto os planos futuros, mas questionados sobre a possibilidade de transformar o texto em obra cinematográfica caíram numa gostosa gargalhada, dizendo “agora já era, vamos falar. Existem planos, sim”.

Fonte: iBahia

Memória das religiões afro-brasileiras na Caixa Cultural Salvador

A CAIXA Cultural Salvador apresenta, a partir da próxima terça-feira (13), às 19h, a exposição fotográfica “Pedra da Memória”, de autoria da musicista e pesquisadora Renata Amaral, que promove um profundo diálogo entre a cultura do Brasil e do Benin, ao reunir representantes da Casa Fanti Ashanti (Maranhão) com comunidades de culto vodum do Benin. A mostra, que contém 70 painéis impressos em cores, fica em exposição até 13 de maio no local. O projeto conta com a realização de Roda de conversas com o Babalorixá Euclides Talabyan e o Prof Dr Brice Sogbossi, no dia 17 de março de 2012, às 15h. Na mesma data será exibido o videodocumentário, parte integrante do projeto. Para participar do bate-papo, interessados deverão se inscrever no local. O limite é de trinta vagas.

A Casa Fanti Ashanti, fundada em 1958 pelo babalorixá Euclides Talabyan, é hoje um dos centros afro religiosos mais importantes em atividade no Maranhão, referência da influência jeje-nagô no Brasil, e tema de estudos, teses e artigos de inúmeros pesquisadores em todo o país. Lá são cultuados os voduns trazidos do Benin, além dos orixás nagôs e diversas entidades surgidas no Brasil. Essa comunidade convive com símbolos, objetos, cânticos e rituais plenos de africanidade, onde a cultura jeje-nagô resiste, com raro vigor. Tendo se tornado Ponto de Cultura, em 2006, o intenso calendário de atividades da Casa inclui tradições sagradas e profanas, como o Tambor de Mina, Candomblé, Pajelança, Baião de Princesas, Samba Angola, Mocambo, Tambor de Crioula, de Taboca,  Canjerê, Bumba meu Boi, Festa do Divino e outros.

Pedra da Memória é fruto da memória de Euclides Talabyan, por intermédio da qual a história das religiões afro brasileiras no Maranhã pode ser reconstruída, além das transformações de suas brincadeiras populares e a geografia particular da ilha de São Luís, ao longo de sua ocupação. Essa memória não só o liga à presença milenar das entidades, que retornam em seu corpo-altar para fundamentar seu conhecimento e recriar sua religião em constante movimento, como se conecta em cadeia à memória de suas matriarcas, cujos relatos remontam ao século XIX.

Fonte: Portal SECULT BA